sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Personalidade - sua máscara na sociedade

“Você já me escutou alguma vez? Eu venho lhe dizendo constantemente que a personalidade deve ser abandonada, de tal forma que a sua individualidade possa ser descoberta. Tenho insistido que a personalidade não é você. Ela não é sua realidade autêntica, não é sua face original. E você está me perguntando: “Vale realmente a pena colocar energia em aprimorar minha personalidade?

Ponha sua energia em destruir sua personalidade, ponha sua energia em descobrir sua individualidade. E deixe bem clara a diferença: individualidade é aquilo que você trouxe consigo ao nascer. A individualidade é seu ser essencial e a personalidade é aquilo que a sociedade fez de você, aquilo que quiseram fazer de você.

Até hoje, nenhuma sociedade foi capaz de dar liberdade a suas crianças para que fossem elas mesmas. Isso parece arriscado. Elas podem se revelar rebeldes. Podem não seguir a religião de seus antepassados; podem não achar que os grandes políticos sejam realmente grandes; podem não confiar em seus valores morais. Elas encontrarão sua própria moralidade e estilo de vida. Não serão réplicas, não repetirão o passado; elas serão seres do futuro.

Isso criou o medo de que elas pudessem se extraviar. Antes que se extraviem, cada sociedade tenta lhes dar uma determinada orientação de como viver, uma determinada ideologia do que é bom e do que é ruim, uma determinada religião, uma determinada escritura sagrada. Essas são maneiras de se criar uma personalidade, e a personalidade funciona como um aprisionamento. Você está me dizendo que quer aprimorar esta personalidade – você é seu próprio inimigo?

Mas não é apenas você. Milhões de pessoas no mundo conhecem apenas a própria personalidade; não sabem que existe algo mais que a própria personalidade. Elas esqueceram completamente de si mesmas e esqueceram até a maneira de chegar a si mesmas. Todas se tornaram atores, hipócritas. Tornaram-se marionetes nas mãos dos sacerdotes, dos políticos, dos pais; estão fazendo coisas que nunca queriam ter feito e não estão fazendo coisas que desejam ardentemente fazer.

A vida destas pessoas é dividida em partes tão diametralmente opostas que nunca podem estar em paz. A natureza delas vai se manifestar muitas e muitas vezes, mas não as deixará em paz, e a sua assim-chamada personalidade vai continuar a reprimir a sua natureza, forçá-la mais fundo no inconsciente. Esse conflito divide você, divide a sua energia – e uma casa dividida não pode se sustentar por muito tempo.

Esse é todo o tormento dos seres humanos. Essa é a razão de não existir muita dança, muita música, muita alegria. As pessoas estão demasiadamente envolvidas em uma luta armada contra si mesmas. Elas não têm energia e não têm tempo para mais nada, exceto para lutar contra si mesmas. Sua sensualidade, elas têm que combater; sua sexualidade, elas têm que combater; sua individualidade, elas têm que combater; sua originalidade, elas têm que combater. Elas têm que lutar por algo que não querem ser, que não é parte de sua natureza, que não é o seu destino.

Assim, por um certo tempo, elas podem fingir ser o falso – mas novamente o verdadeiro se manifesta. A vida inteira segue adiante, com altos e baixos, e elas são incapazes de descobrir quem realmente são: o opressor, ou o oprimido? E não importa o que façam, elas não podem destruir sua natureza. Podem certamente envenená-la; podem certamente destruir sua alegria, podem destruir a sua dança, podem destruir o seu amor. Podem tornar a sua vida uma confusão, mas não podem destruir completamente sua natureza. Elas não podem jogar fora sua personalidade, porque sua personalidade carrega seus ancestrais, os seus pais, os seus professores, os seus sacerdotes, todo o seu passado. A personalidade é a sua herança; as pessoas apegam-se a ela.

Todo o meu ensinamento é o de não se apegar à personalidade. Ela não é sua e jamais vai ser sua. Dê absoluta liberdade à sua natureza. Respeite a si mesmo, tenha orgulho de ser você mesmo, seja lá o que você for. Tenha dignidade! Não seja destruído pelos mortos! Procure em sepulturas – traga mais esqueletos para fora, cerque-se com todos os tipos de esqueletos. Você será respeitado pela sociedade. Você será honrado, recompensado; terá grande prestígio, será considerado um santo. Mas vivendo com os mortos, cercado pelos mortos, você não será capaz de rir – estaria tão fora de contexto – você não será capaz de dançar, não será capaz de cantar, não será capaz de amar.

A personalidade é uma coisa morta. Abandone-a! – Em um único golpe, não em fragmentos. Não lentamente, hoje um pouquinho, amanhã mais um pouquinho, porque a vida é curta e o amanhã é incerto.

O falso é falso. Descarte-o totalmente!

Todo ser humano autêntico deve ser um rebelde. Rebelde contra quem? – Contra sua própria personalidade!

Por quanto tempo você vai ficar fingindo? Um dia ou outro a realidade virá à tona , e é melhor que venha logo.

Não há necessidade de aprimorar sua dicção! Simplesmente abandone essa história de personalidade! Simplesmente seja você mesmo. Não importa quão crua e selvagem a realidade pareça ser no início, logo ela passa a ter sua graça própria, sua beleza própria.

E a personalidade... Você pode continuar a refiná-la, mas você estará simplesmente refinando algo morto que vai destruir não apenas o seu tempo, a sua energia, a sua vida, mas também as pessoas que estão à sua volta. Todos estamos influenciando uns aos outros. Quando todo mundo está fazendo alguma coisa, você começa a fazê-la. A vida é muito contagiante; todos estão aprimorando a própria personalidade – por isso a idéia surgiu em sua mente.

Mas o meu povo não está fazendo isso. Meu povo não é um rebanho, não é uma multidão. Eles se respeitam e têm respeito pelos outros. Eles têm orgulho de sua própria liberdade e querem que todos os demais sejam livres, porque a sua liberdade lhes deu tanto amor e tanta graça. Eles gostariam que todos os outros no mundo fossem livres, amoroso e graciosos.
Isso é possível somente se você for original – não é uma montagem, não é algo falso, mas algo que cresce dentro de você, que tem raízes em teu ser, que produz flores na época certa. E ter as próprias flores é o único destino. É a única maneira significativa de viver.

Mas a personalidade não tem raízes; ela é de plástico, é falsa. Não é difícil abandoná-la; requer apenas um pouco de coragem. E minha impressão a respeito de milhares de pessoas é que todas têm essa coragem, só que não a estão usando. Uma vez que você começa a usar sua coragem, fontes que estão adormecidas se tornam ativas e você se torna capaz de ter mais coragem, mais rebeldia.

Você, em si mesmo, torna-se uma revolução.

É uma alegria ver um homem que, em si mesmo, é uma revolução, porque ele cumpriu o seu destino. Ele transcendeu a massa medíocre, a multidão adormecida.”

Bhagwan Shree Rajneesh - Beyond the frontiers of the mind

5 comentários:

Anônimo disse...

Então, considerando tudo isso, sou uma rebelde,rs, mesmo.

Frederico Martins Campbell disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Ah... ser nós mesmo é bem difícil, né!? Ainda bem que sou outra pessoa...

Frederico Martins Campbell disse...

Bom dia!